O Steel Frame vem ganhando espaço no Brasil como uma alternativa moderna, eficiente e sustentável à alvenaria tradicional. Apesar de sua adoção crescente, ainda existe certa resistência quando o assunto é construções verticais. Afinal, até onde o Steel Frame pode ser aplicado em edifícios de múltiplos pavimentos? Quais são os exemplos no exterior, e quais as limitações encontradas no Brasil?
Neste artigo, você vai entender o potencial do sistema em construções altas, as barreiras normativas, técnicas e culturais que ainda limitam seu uso por aqui — e por que isso está mudando.
O que é Steel Frame e por que ele é tão usado no exterior?
O Steel Frame é um sistema construtivo industrializado baseado em perfis leves de aço galvanizado. Os elementos são parafusados, formando uma estrutura que suporta os fechamentos (internos e externos), o isolamento termoacústico, e todo o conjunto de cargas da edificação.
Nos Estados Unidos, Canadá, Japão e diversos países da Europa, o Steel Frame é largamente utilizado tanto em obras residenciais quanto comerciais e prediais. Em muitos desses locais, até 70% das casas e prédios baixos são construídos com esse sistema.
As razões para isso são simples:
- Alta produtividade da mão de obra
- Baixa geração de resíduos
- Menor peso estrutural (ideal para terrenos frágeis)
- Redução significativa do prazo de obra
- Precisão na execução e previsibilidade no orçamento
Além disso, a industrialização da construção civil é uma realidade nesses países, com grande oferta de profissionais capacitados, normas bem estabelecidas e fornecedores consolidados.
Construções Verticais em Steel Frame: o que está sendo feito lá fora?
Engana-se quem pensa que o Steel Frame se limita a casas térreas ou sobrados. Há dezenas de projetos verticais com 3, 5, 10 ou até mais andares feitos com o sistema Light Steel Frame.
Exemplos internacionais notáveis:
- Broad Group – China:
Um prédio de 10 andares foi construído em menos de 30 horas, utilizando perfis metálicos pré-fabricados e painéis com isolamento integrado. O sistema é híbrido, mas o conceito estrutural deriva do Light Steel Frame. - Città Studi – Milão, Itália:
Edifício de 7 andares construído inteiramente com estrutura de aço leve. O projeto priorizou conforto térmico e acústico, com altíssimo desempenho energético. - Blokable – EUA:
Módulos residenciais até 4 pavimentos, empilháveis, com estrutura integral em Steel Frame, voltados para habitação social com baixo custo e rápida montagem. - Monash University – Austrália:
Complexo estudantil com edifícios de até 5 andares, 100% feitos com painéis em LSF, projetados para serem desmontáveis e reaproveitáveis.
Esses exemplos mostram que o limite do Steel Frame em altura depende mais da engenharia e da regulamentação local do que da capacidade estrutural em si.
Como o Brasil enxerga o uso do Steel Frame em obras verticais?
No Brasil, o Steel Frame ainda é visto como um sistema complementar — ou, no máximo, residencial. É comum seu uso em sobrados, clínicas, pequenos edifícios comerciais e casas de alto padrão. Entretanto, ao entrar no campo da verticalização, surgem alguns entraves.
1. Barreiras normativas
O Brasil ainda carece de normas específicas e atualizadas para obras prediais em LSF com mais de 4 pavimentos. Apesar da existência da NBR 15253 (Sistema de construção em aço leve), ela não cobre todas as exigências para edifícios altos, principalmente em relação a segurança contra incêndio, comportamento estrutural sob cargas elevadas e resistência ao vento.
2. Aprovação junto a prefeituras e órgãos públicos
Alguns órgãos públicos ou municipais ainda não reconhecem plenamente o Steel Frame como sistema principal para edifícios de múltiplos andares. Isso gera atrasos na aprovação de projetos, exigência de complementações ou até a rejeição de propostas.
3. Desinformação do mercado
Engenheiros, arquitetos e investidores ainda desconhecem o verdadeiro potencial do sistema. Muitos associam Steel Frame a “construção frágil” ou acham que não oferece segurança estrutural em edifícios, o que é um equívoco técnico.
4. Custo de certificações e ensaios
Para edifícios com múltiplos pavimentos, os cálculos, simulações, testes e certificações precisam ser mais robustos — e isso eleva o custo do projeto, o que desmotiva incorporadoras a inovar nesse sentido.
Soluções híbridas: uma tendência real no Brasil
Mesmo com essas limitações, muitos escritórios e construtoras estão optando por soluções híbridas, onde o Steel Frame é utilizado em conjunto com outros sistemas:
- Térreo em estrutura metálica pesada (Heavy Steel) ou concreto armado
- Andares superiores em Steel Frame leve
- Fechamentos com painéis SIP, wood frame ou steel frame
Essa estratégia reduz o peso da estrutura total, acelera a obra e garante flexibilidade arquitetônica. E, na prática, é uma das formas mais inteligentes de verticalizar com o sistema.
Mas afinal, até onde podemos ir?
Do ponto de vista estrutural e técnico, o Steel Frame pode ser utilizado em edificações de até 6 a 7 pavimentos com total segurança, desde que os projetos sigam boas práticas de dimensionamento, cálculo e execução.
Para alturas maiores, é possível usar:
- Steel Frame como sistema complementar
- Steel Deck para lajes mistas
- Perfis enrijecidos com reforço em aço estrutural
- Pórticos em aço pesado integrados ao sistema leve
Ou seja, o limite não está na tecnologia — está na regulamentação, no preparo do mercado e na cultura construtiva.
O que precisa mudar no Brasil
Para que o Steel Frame ganhe espaço nas obras verticais no país, alguns pontos são fundamentais:
- Atualização das normas da ABNT com foco em edificações mais altas
- Maior divulgação de estudos técnicos e cases de sucesso nacionais
- Capacitação de profissionais nas universidades e polos técnicos
- Incentivo à aprovação de projetos híbridos junto a órgãos públicos
- Redução do custo de materiais e maior escala de produção
A boa notícia é que o movimento já começou. Grandes construtoras, startups de habitação e empresas especializadas vêm investindo em soluções industrializadas com LSF — inclusive para projetos habitacionais verticais financiados pela Caixa.
Conclusão
O Steel Frame é sim uma tecnologia capaz de atender obras verticais. O que hoje parece um limite, em breve será ultrapassado com inovação, regulamentação e confiança técnica.
No exterior, já se constroem prédios inteiros com o sistema. No Brasil, estamos próximos de vencer as barreiras que ainda restam — e quem sair na frente agora, terá vantagem competitiva no futuro.
Se você quer explorar o Steel Frame em um projeto vertical, fale com quem entende. A Hensil acompanha o avanço da construção a seco no Brasil e está pronta para oferecer soluções técnicas seguras, sustentáveis e atualizadas com as melhores práticas do mercado.